Viagem
Como é morar fora do país?
Minha experiência de como foi morar fora do país
Desde que resolvi morar fora do país, muitas pessoas me perguntaram como eu faria para morar durante oito meses em um país que eu nunca tinha ido com apenas 18 anos. Isso mesmo, fui morar em Londres com 18 aninhos. Hoje vou contar para vocês como foi essa aventura, mas para isso vou voltar um pouco no tempo.
Desde que tenho 10 anos eu sabia que meu lugar não era em Piracicaba, nunca foi. Sempre soube que queria sair e ser independente, morar em um lugar onde eu não seria julgada por ser eu mesma. Acontece que, eu era muito insegura e ingênua. Como iria morar longe dos meus pais? Eu cresci com essa vontade reprimida, não pelos meus pais, por mim mesma. Até que com 15 anos fiz minha primeira viagem internacional para Paris; e meu mundo mudou.
Quase ninguém sabe, mas essa viagem foi um divisor de águas para mim. Eu percebi que existia muito mais do que aquilo que eu conhecia, novos horizontes, coisas novas, lugares incríveis, pessoas melhores. Claro, que já sabia de tudo isso, mas naquela época era algo impossível na minha cabeça. Nessa mesma viagem, fomos passar um dia em Londres; eu já amava a cidade, a cultura, o clima… tudo. Perguntei para os meus pais se poderíamos ir, já que estaríamos perto, e fomos. Quando cheguei percebi que meu lugar era ali. Me senti imediatamente atraída por tudo, estava em estase; naquele momento a sementinha já começou a se instalar na minha mente.
Três anos depois eu estava lá. Vivendo um sonho, morando na minha cidade preferida no mundo, SOZINHA.
O processo de preparo do intercâmbio eu já mostrei aqui, por isso vamos direto para como eu me senti nesses meses lá fora.
Foi uma experiência bem rica, a qual passei por situações e desafios que nunca achei que fosse capaz de superar. Eu sempre fui muito tímida e insegura em situações novas por isso, mudar de país, para mim foi algo surreal.
No começo eu estava desesperada, e a minha estratégia para não desistir foi não pensar. Até que o dia chegou, lá fomos nós. No momento em que cheguei, aquele sentimento da primeira vez voltou. Eu não estava mais com medo, mas sabia que dali em diante era eu e eu mesma.
Esse foi o pensamento mais difícil, saber que se algo desse errado meus pais não estariam lá comigo. Eu teria que viver situações que não gostava, e que não faziam parte do meu dia a dia. A única certeza que eu tinha era que Londres era muito grande, cheia de informação e eu não trocaria aquilo por nada. Ali eu me encontrei.
Claro que eu passei por algumas dificuldades como uma pessoa normal que sou. Eu tinha muito medo do primeiro dia de aula, sempre tive, nunca gostei de começar algo novo por medo das pessoas não gostarem de mim. Uma grande bobagem, no segundo dia eu conheci a Gabi e estamos aí, não é mesmo?
A língua nunca foi um problema para mim, eu sabia falar inglês, me virar pelo menos. Depois de dois dias eu já estava localizada, então voltar para casa eu sabia. Minha Host Family era legal, a Michel (host mom) cozinhava muito bem e sempre conversava comigo no jantar. Depois de uma semana eu já não sentia esses medos iniciais e passei a me sentir realmente em casa. A cidade é extremamente segura, eu e a Gabi saíamos á noite, sozinhas e tudo bem; estávamos lá desvendando lugares e ninguém vinha mexer com a gente.
Como são os britânicos?
Mas Ju, os britânicos são frios mesmo? Não! O britânico é muito simpático, todo momento em que eu precisava de ajuda sempre tinha alguém que vinha me ajudar. Só não vai esperando uma simpatia como a nossa, o brasileiro tem uma energia que só nos temos. Claro que a maioria das pessoas que mora em Londres sempre está correndo para cima e para baixo, mas quando você pede eles sempre ajudam, ou se não, pedem mil desculpas.
Os meses foram passando e eu me sentia cada vez mais confortável.A língua já não era um problema, o lugar era sensacional, eu já estava acostumada na escola, tinha meus amigos, minha rede de segurança. E então chegou a temida metade do intercâmbio. Sem dúvida foram as piores duas semanas; eu estava sozinha de novo, quase todos os meus amigos tinham ido embora e estava prestes a mudar novamente. Nesse momento eu pensei em desistir, eu me sentia sufocada, com muito medo da mudança, estava com muitas saudades de casa; precisei de muito apoio dos meus pais e amigos e tenho muita sorte, porque tive.
A mudança para Paris
Duas semanas se passaram e minha mãe chegou, ela ficou a última semana comigo em Londres e me ajudou a mudar para Paris. Depois farei um post contando mais sobre isso.
A primeira semana em paris foi difícil. Eu detestei a acomodação, não sabia falar nada em francês e a princípio achei a cidade muito confusa. Não queria que minha mãe fosse embora e me deixasse sozinha em uma cidade que eu não sabia me virar. Ao mesmo tempo pensava em tudo o que eu já tinha passado e superado sozinha. É engraçado como a vida flui, julho de 2015 foi um dos melhores meses que eu já tive. Conheci pessoas maravilhosas, que estão comigo até hoje. Amigas que posso afirmar que levarei para a vida toda. Com o tempo eu fui me acostumando com a língua, com as pessoas e com a geografia da cidade (que pra mim ainda é um pouco confusa haha).
Eu mudei muito nesses meses, voltei outra pessoa. Eu aprendi muito sobre a vida, sobre como as coisas funcionam e acabei ficando menos crítica com os outros e confiando mais em mim. Hoje tenho certeza que eu sou quem sou por conta dessa viagem. Você fica com um olhar diferente sob as coisas, você cresce como pessoa. Esses oito meses foram meses de aprendizado continuo. Sobre a vida, sobre moda, sobre arte, descobri coisas que nem imaginava, pessoas, artistas, culturas, peculiaridades.
Hoje, dois anos depois, eu posso dizer que foi a melhor coisa que fiz da minha vida.
Ju.
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